Friday, November 26, 2004

29 e Meio

É bem verdade que quando nascemos somos puros.
Somos leves, somos soltos. A alma humana no nascimento é limpa; é leve.
Saímos do ventre da mãe anjos caídos.
E acredite, é o único momento que verdadeiramente livre da existência humana. A liberdade é dada ao homem no nascimento mas é devolvida ao passar do tempo.
A cada ano de existência a liberdade nos é tirada. Não digo, imbecil, a liberdade aparente que os presidiáriarios estão a procurar. Nem me refiro a inocência perdida na adolescência.
Mas a liberdade do espírito.
As experiências da vida contem um peso. Esse peso aumenta todos os dias.
É bem verdade que quando jovens, somos pássaros. Mas pássaros por mais leves que sejam já contem um peso. Esse peso aumenta na fase adulta.
A liberdade já quase não existe.
Somos escravos de nossas escolhas, de nossas dores.
Lembramos saudosistas dos momentos em que acreditamos estarmos felizes, momento que provavelmente chegamos mais perto de ser livre. E você de estar se perguntando que momentos são esses em que somos livres. Pense caro leitor! Um beijo na adolescência, o sexo com amor, a cerveja no bar, a amizade. Qualquer coisa que o fez esquecer de tudo e acreditar que aquele era o ultimo instante. Coisas que você sabe que agora não são mais a mesma coisa.
E você, agora, cheio de duvidas se pergunta por que as coisas não são mais assim.
O sorriso, a maior expressão de liberdade, nem esse é mais livre. Sorrimos agora para disfarçar a dor de estarmos presos em nos mesmos.
E essa prisão, como a morte é inevitável.
Já não gostamos da vida como antes, não sorrimos como antes, não gozamos como antes.
Meu deus, isso é horrível.
São tantas as grades, são tantas correntes. Emprego, família, dinheiro são algumas algemas desse sistema carcerário que é a existência. Dessas algemas alguns conseguem se libertar.
Mas o que você me diz da velhice?
Somos condenados a uma prisão de regime aberto. E como libertar? Drogas, Viagens, análise? Hahahaha. Nada disso meu amigo.
A liberdade agora é a morte. E talvez nem assim.

0 Comments: