Sunday, November 12, 2006

Viagem na (in)felicidade cotidianta - 02

Era mais uma sexta-feira. Fazia muito calor naquele verão e as chuvas inundavam São Paulo. O cheiro dentro do Metrô era insuportável. Pessoas molhadas de chuva e suor resultavam num odor que me fazia lembrar do galinheiro que um tio falecido tinha na sua casa. Eu sempre achava um absurdo o velho morar num muquifo e ainda ter um galinheiro. O lugar mal dava pra ele, mas o teimoso insistia em dar abrigo às aves. Ele era uma pessoa sozinha e morreu um mês depois que foi obrigado a soltar as galinhas pela policia, que cansou de receber reclamações dos vizinhos que não suportavam o cheiro de merda galinácea. Só depois de sua morte que compreendi o galinheiro na casa.

Mas voltemos ao Metrô e aquela estranha sexta feira meu caro leitor, afinal a historia não é sobre merdas ou galinhas.

Como de costume o vagão estava lotado. A única coisa que eu queria era um banco pra sentar e tirar um cochilo. Estava exausto. Trabalhei a semana toda até de madrugada para finalizar uma campanha de um cliente novo da agência, que vai ter até filme no fantástico. Semana difícil, mas eu me sentia feliz de ter acabado.

Fazendo força para manter meus olhos abertos, percebi uma bela duma morena sentada no banco na minha frente. Eu em pé, vendo ela de cima, fazia com que seus peitos ficassem ainda maiores. Ela vestia jeans e uma blusa decotadíssima vermelha. Tinha tomado chuva, já que sua pele e o cabelo ainda estavam molhados. Não era muito bonita de rosto, tinha cara de “moça de telemarketing”. Pareceu-me ter hábitos grossos. Digo isso porque pude vê-la se assoprando para refrescar seus próprios peitos. Achei grotesco, mas gostei de ter quase visto seus seios.

O fato é que o sono foi tomando conta de mim e eu já estava quase desistindo de ficar acordado. Aquele calor misturado com sono e mulheres (e infelizmente homens também) esfregando suas bundas no meu pau naquele vagão lotado, fizeram com que meu membro ficasse ereto. Posso dizer que era uma ereção parecida com a que nós homens acordamos quase todos os dias. (Alguém sabe por que o sono faz meu pau subir?) Agora eu tinha mais um problema: além da sonolência, o volume na minha calça. E a peituda na minha frente só fazia piorar a situação.

A morena não tinha percebido minha presença até notar a protuberância na frente da minha calça. Senti que ela ficou sem graça, mas deu um sorriso meio inconformada com tamanho absurdo. Mas não tinha jeito, estava duro mesmo e eu não podia fazer absolutamente nada.

Meu deus, que peitos maravilhosos, dizia meu inconsciente afogando os últimos segundos de lucidez. Não demorou muito e comecei a viajar naqueles seios molhados. A cada gota que escorria pro meio deles eu me esforçava pra me manter acordado. Mas o sono era forte e prestes a me vencer... E venceu.

Agora eu já estava cochilando e sonhando advinha com o que. Imagine o volume das calças, meu digno leitor. Que sonho maravilhoso: eu estava deitado no colo da morena que estava nua acariciando meus cabelos com seus dedos e unhas pintadas de vermelho. Se eu pudesse continuaria sonhando toda a viagem. Mas minha prazerosa soneca foi interrompida por um estridente grito de “taraaaado”, me acordando de um sonho e me jogando no meio de um terrível pesadelo. Quando abri os olhos, estava eu, com a cara no meio dos peitos da gostosa, que não parava de gritar. Como gritava alto aquela baiana. Os fortoes de plantão não vacilaram em partir para cima com socos e pontapés. Fui jogado no corredor do vagão a meio a vaias de todos que presenciaram a cena, aquilo que mais parecia um bizerro indo ao encontro de seu leitinho. No meio da confusão tive tempo ainda de pensar que não gostava de leite. Eu tentava defender o rosto, mas os chutes vinham de todo o lugar e eu definitivamente estava sendo espancado. Não dava nem pra ver quem participava do mutirão para a minha morte, homens, mulheres e claro, os travecos, legítimos defensores das causas feministas. Filhos da puta, odeio travecos.

Nunca uma estação demorou tanto pra chegar e quando a porta abriu eu fui quase espelido pelos heróicos musculosos defensores da ética. Ética o caralho! Queriam causar boa impressão para a morena. Fortões de academia, odeio vocês também.

Não sei bem o que aconteceu, até porque eu, acreditem, estava realmente dormindo. Mas concluí que cochilando em pé eu acabei soltando a mão que estava me segurando, caindo com a cara no meio dos melões daquela mulher. Eu compreendo a reação dela, já que sonhando eu não quis acordar e devo ter ficado ainda alguns segundo com a boca encostado na sua pele molhada. Não é difícil de concluir que ela achou que eu era um maníaco ou coisa do tipo.

Fora da estação eu procurava uma farmácia que pudesse me vender os curativos, já que ganhei alguns hematomas por todo o corpo. Mas não pude deixar de sorrir, que apesar da surra e de tudo o mais, meu pinto ainda estava totalmente ereto. Desisti de ir pra farmácia, fui pra casa tomar um banho e finalmente dormir.