Monday, December 04, 2006

A morte calça vermelho





Ontem eu vi minha femme fatale. Sei que era ela. Ela brotou no meu sono. Fora do sonho ela era linda; é linda. O contraste ente seu cabelo negro e sua pele extremamente clara era gritante. Com um batom excessivamente vermelho, seus lábios combinavam com os sapatos criando um conjunto que beirava o vulgar, mas que desfilava tranquilamente no terreno da sensualidade. Deus que mulher. Ela parecia não ser daquela época. Apaixonei-me. Tive vontade de correr atrás dela, sei lá, pra dizer algo ou só pra continuar a olhar. Mas o feitiço foi paralisante. Continuei ali, a mesa de um bar na Augusta, naquela sexta feira triste, carregada de indecisão. Decisões pra serem tomadas. Um dia de pouca coragem. O final de uma semana inútil no sentido mais claro da palavra. O inicio do fim. Do final de semana que mais uma vez eu teria que enfrentar. Lutar contra o tédio, a solidão e a pior de tudo: não ter a mínima idéia pra onde ir.

No sonho ela apareceu de novo. Estava velha e feia. Na janela de uma casa antiga, sorria sorrateiramente. Uma casa pequena, com janelas de madeira e tinta descascando. No alpendre um touro copulava com uma vaca, fazendo jus ao seu nome. Metia mesmo na vaca, sem dó. Lembro até do animal dando uma olhada para trás quando me viu. O ambiente todo emanava uma energia negativa e compreendi que se entrasse na casa seria morto. Como uma donzela a morte me paquerava com seu charme fatal. Apesar da curiosidade, fiquei parado em frente a casa olhando para a velha senhora. Estagnado, sem reação, a mesma paralisia. Percebi que a velha era a garota que fiquei encantado. Diabos, que sonho! Acordei com a conclusão que se tivesse ido atrás da bela garota da Augusta, eu não estaria vivo. Hellfrick... a morte anda te chamando a atenção meu velho.

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