tag:blogger.com,1999:blog-93254072024-03-13T14:52:14.267-07:00__Hellfrick"Suave coisa nenhuma".Diego Rezendehttp://www.blogger.com/profile/02594825884609946594noreply@blogger.comBlogger71125tag:blogger.com,1999:blog-9325407.post-38042551769521713832014-11-20T05:30:00.004-08:002014-11-20T05:30:53.265-08:00Metamorfoses
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-lEvbpv4jSpY/VG3spngLSBI/AAAAAAAAD4M/dL4_qLilHo8/s1600/TaylorJames1-620x422.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-lEvbpv4jSpY/VG3spngLSBI/AAAAAAAAD4M/dL4_qLilHo8/s320/TaylorJames1-620x422.jpg" /></a></div>
A cada ciclo uma morte. Um renascimento.
E o que dói não é a morte certamente. É o processo. É o meio do caminho.
Por mais que tenhamos uma alma pavimentada e sólida, a vida vai lascando devagarinho nossa existência, que de lasca em lasca, vai se transformando em algo novo.
Como um quadro que acaba de ser repintado, nos olhamos nos espelho e nos vemos outro. Nem melhor, nem pior. Outro.
Como conviver com este outro?
Nostálgicos, temos saudade do antigo. Dormimos com a fé que o dia possa traze-lo de volta. Rezamos para sermos de novo aquele.
Não seremos.
Teremos que adaptar dia-a-dia com a alma remontada. Aceitaremos as condições. Não somos mais. Somos outro.
HellfrickDiego Rezendehttp://www.blogger.com/profile/02594825884609946594noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9325407.post-14605876844901293282011-12-27T18:55:00.000-08:002011-12-27T19:20:13.376-08:00Dizer<br />
<div class="MsoNormal">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-HIRytRgXUcI/TvqKvdCyyHI/AAAAAAAAAFE/bDxRzPVc4fE/s1600/20110121194500_03.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://3.bp.blogspot.com/-HIRytRgXUcI/TvqKvdCyyHI/AAAAAAAAAFE/bDxRzPVc4fE/s400/20110121194500_03.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
E essa cidade que só chove. Essa terra que não tem taxi nem
metrô. Esse maldito lugar que eu conheci você. Lugar que você deixou depois que
eu disse não. Quer dizer, eu nunca disse nada. Pelos meus olhos, você sempre
soube que eu te amava. Mas eu nunca disse nada. Eu sabia, você sabia. Mas nenhuma
palavra. Nem sim, nem não. E agora você foi embora. Foi pro lugar da onde eu
vim. Eu te contei tantas historias sobre lá. Te ensinei um bocado de coisas.
Falei da Augusta, do Bar B, sobre Jung, Campbell, enfim. Falei sobre tudo,
menos sobre nós. Eu nunca estava preparado pra falar sobre nós. Eu nunca estive
preparado pra nada. Sempre esperando a hora certa, o dia certo, a palavra
certa. Mas nenhuma palavra é certa ou errada nessa hora. Basta dizer. Apenas dizer.
E eu não disse.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Hellfrick </div>Diego Rezendehttp://www.blogger.com/profile/02594825884609946594noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9325407.post-7612686924780432832011-09-22T13:47:00.001-07:002011-09-22T13:48:00.171-07:00Terça-Feira<br />
<div class="MsoNormal">
E me pego outra vez pensando no fim. No fim de tudo que diz
respeito a mim. Uma imensa vontade de desistir. Resetar. O caos está sempre a
espreita, escondido no dia-a-dia, na rotina massacrante destes dias fúteis.
Tento encontrar algum alento escrevendo este texto sem nexo pra enganar, pra
fugir. Ansiedade é isso, é querer acabar pra começar e acabar denovo. Um eterno
fim, onde o início é mero coadjuvante.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Sento mais uma vez na única mesa desse café – livraria –
lanchonete. Penso no absurdo que é este tipo de lugar que simplesmente é tudo e
nada ao mesmo tempo. Penso em você. Queria te ligar e dizer que tinha razão. Minha
vida é frágil e no fundo eu não passo de um ser imaturo e fraco. Um idiota
sensível. Um sujeito completamente despreparado para a vida. Eu queria
telefonar e te chamar para dar uma volta na paulista, mas já não sou seu amigo.
Nem sequer moro mais em São Paulo. Quem sabe você pudesse dizer que me avisou.
Falar na minha cara, gritar como costumava fazer. Eu queria te encontrar pra
mostrar que meu plano deu errado. O sonho foi retalhado e não há imaginação que
resista aos métodos destrutivos de uma vida adulto-moderna. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Me viro em direção ao balcão para pedir outro café e os
olhos dela acidentalmente encontram os meus. A velha sensação denovo. Os olhos
claros, a pele extremamente branca e os cabelos ruivos criam um contraste
curioso, completamente fora do nosso contexto latino americano dos trópicos. O
suor na testa e o crachá da “firma” pendurado no pescoço são a ponte que liga
ela ao mundo real. Seria difícil acreditar na humanidade desta mulher. Deus,
ela é linda. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Ela senta e pede um cinzeiro. Dá um longo trago no cigarro e
seu olhar agora assume um aspecto cansado. Como se estivesse de saco cheio de
esperar por uma reação minha. Nosso encontro acontece nesse lugar todas as
terças, que é o único dia que me sobra para sentar e ler alguma coisa na hora do
almoço. Nunca trocamos uma palavra. Um amor construído no silencio. Um silêncio
perturbador, que me faz pensar denovo no fim. Talvez ela seja a morte, que vai
me matar e acabar com essa maldita ansiedade e me fazer nascer denovo.<span> </span>Ela apaga o cigarro, se levanta e vai embora.
Eu nada faço. Apenas penso na próxima terça.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Hellfrick</div>
Diego Rezendehttp://www.blogger.com/profile/02594825884609946594noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-9325407.post-76174890151551522312011-06-16T07:31:00.000-07:002011-06-16T10:38:30.241-07:00O peso e a leveza da queda<div class="MsoNormal"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-spbajB8kzzs/Tfo_QuLTI7I/AAAAAAAAAD8/y5qZQF_oQPk/s1600/a+queda.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="425" src="http://4.bp.blogspot.com/-spbajB8kzzs/Tfo_QuLTI7I/AAAAAAAAAD8/y5qZQF_oQPk/s640/a+queda.jpg" width="640" /></a></div><br />
Tomar consciência da sua partida foi como ser arremessado a <st1:metricconverter productid="300 km" w:st="on">300 km</st1:metricconverter> por hora contra um oceano. O mergulho foi tão violento que meus pêlos foram arrancados e eu pude ver o sangue saindo pelo nariz e se dispersar na imensidão do mar.<span class="apple-converted-space"> </span>Eu tentei chorar. Eu queria berrar, mas todo aquele mundo de água ao redor, a escuridão... e eu atravessando como uma flecha atirada por deus, pelo diabo, ou sei lá por quem. Sem oxigênio eu apenas aceito com resignação o fim. O nosso fim. Meus pulmões suplicam por um pouco de ar<span class="apple-converted-space"> </span>e<span class="apple-converted-space"> </span>antes do último suspiro eu aterriso feito um míssil na cama. Inspiro com força e sugo todo o ar que meu peito pode suportar. Expiro um grito de dor e as lágrimas brotam sinalizando que ainda estou vivo. Encolhido no canto do colchão eu consigo apenas sentir e pensar nas dores causadas<span class="apple-converted-space"> </span>pela viagem. Depois do seu adeus, a perspectiva do mundo tinha se alterado. Tudo convergia para mim, como se eu, naquela cama fosse um mini buraco negro. Eu parecia atrair tudo em minha própria direção. Meu quarto assumiu um aspecto estranho. Os defeitos na parede e os detalhes do piso inevitavelmente me fizeram pensar que era um ambiente diferente. Um lugar que sem a tua presença era absolutamente novo pra mim. O som da televisão fora do ar selava que a solidão realmente era um fato. Completamente exausto eu adormeço no travesseiro molhado de choro.</div><div class="yiv1478839145msonormal" style="line-height: 14.4pt; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><br />
</div><div class="yiv1478839145msonormal" style="line-height: 14.4pt; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">Acordo e tenho a sensação de que uma parte do peito foi massacrada. A lembrança da sua despedida faz meu estômago arder um pouco, mas meu corpo está debilitado demais e a alma está com vergonha de sofrer. Esforço-me para encontrar uma ponta de conforto em qualquer pensamento que esteja flutuando em minha cabeça. Tento pensar <st1:personname productid="em Deus. E" w:st="on">em Deus. E</st1:personname> devagar, de maneira muito embrionária, alguma coisa, um neurônio, um transmissor cerebral, alguma energia elétrica vai tomando a forma de<span class="apple-converted-space"> </span>esperança. Começo a aceitar e acostumar com o buraco no lado esquerdo do tórax. O sangue secou e preciso agora limpar a ferida. Lembro que ainda tenho um álcool em gel que comprei <st1:personname productid="em Londres. O" w:st="on">em Londres. O</st1:personname> telefone toca e um caminhão carregado de realidade descarrega em cima de mim fatos inexoráveis dessa vida. Tenho emprego, carro e uma conta de aluguel pra pagar. Isso me faz arregalar os olhos. Preciso reagir. Movimento minhas pernas e sinto um prazer em descobrir que elas respondem perfeitamente. Junto toda força na tentativa de me levantar e já em pé ameaço uma comemoração. Saio de casa orgulhoso. No caminho para o trabalho sopra um vento morno, agradável para estes dias de outono. O vento percorre meu corpo regenerando todos os machucados, inclusive a cratera do peito. Meus pulmões, que antes permitiam apenas uma respiração<span class="apple-converted-space"> </span>curta, trabalham agora lenta e longamente. Pela primeira vez desde a queda, um sentimento de felicidade começa a nascer e posso reconhecer uma sensação nova. No primeiro momento parece ser alguma espécie de liberdade, mas logo amadurece para uma leveza que há muito tempo não sinto. Aumento o ritmo dos meus passos. Estou feliz. Sei que esta leveza é insustentável e logo o peso<span class="apple-converted-space"> </span>da sua ausência<span class="apple-converted-space"> </span>irá mostrar<span class="apple-converted-space"> </span>sua medida novamente. Por hora, apenas caminho numa estrada de repleta de novas possibilidades.</div><div class="yiv1478839145msonormal" style="line-height: 14.4pt; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><br />
</div><div class="yiv1478839145msonormal" style="line-height: 14.4pt; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">Hellfrick</div>Diego Rezendehttp://www.blogger.com/profile/02594825884609946594noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-9325407.post-23333867745560210342011-03-16T14:40:00.001-07:002011-03-18T10:43:33.239-07:00Atrizes<div class="MsoNormal"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://lh5.googleusercontent.com/-_GOt6ksZxt8/TYOZu5cmyRI/AAAAAAAAADs/FHaZAiQR-po/s1600/tumblr_laxzmooKlQ1qa2oa8o1_500.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="178" src="https://lh5.googleusercontent.com/-_GOt6ksZxt8/TYOZu5cmyRI/AAAAAAAAADs/FHaZAiQR-po/s320/tumblr_laxzmooKlQ1qa2oa8o1_500.gif" width="320" /></a></div><br />
O ultimo sinal do teatro toca e meu coração dispara como se fosse o próprio sino. Minhas mãos estão suadas. Seguro firme o apoio da poltrona como se fosse decolar. Consigo sentir a textura do metal enferrujado, que me provoca um gosto estranho na boca. O cheiro nauseante de mofo me leva a pensar que talvez fosse sensato abrir um buraco no teto para que o sol entre de vez <st1:personname productid="em quando. As" w:st="on">em quando. As</st1:personname> luzes se apagam. O bom senso do mundo inteiro alerta que devo correr até a saída, mas estou nervoso demais pra levantar.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">O espetáculo começa. Ela entra <st1:personname productid="em cena. Meus" w:st="on">em cena. Meus</st1:personname> olhos a buscam como se fossem anticorpos atrás de uma bactéria. Minha aflição é notável. Eu precisava vê-la mais uma vez. Desde que foi embora minha existência se resume a buscar fragmentos do que sobrou de nós, do mesmo jeito que fazemos quando queremos prolongar o efeito da droga. Vou mudar desta cidade. Tudo lembra ela, tudo fede a ela. Estas ruas do centro estão impregnadas com seu perfume. Os becos ecoam suas risadas. A fumaça são tragos no seu cigarro. Mas antes de ir tenho que encontrá-la para sempre ter na memória o início de tudo, talvez a única parte desta história que vale a pena contar.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Início que aconteceu nesse mesmo teatro mofado, quando vim ver uma peça escrita por um amigo. Roteiro que hoje sei de cor, de tantas vezes que vim vê-la atuando. Os lábios finos, sempre úmidos, dizendo palavras de amor com tanta doçura e tristeza, me fizeram quase um morador deste lugar. Aqueles olhos diabólicos lhe emprestavam uma aparência irônica, mesmo quando ela estava realmente triste. E quando os olhos dessa diaba perceberam minha presença freqüente em suas apresentações, passou a encenar especialmente para seu atento espectador. Por várias vezes eu tive a sensação de ser a única pessoa sentada ali na platéia. Solitário na minha devoção, eu acompanhava cada gesto, músculo estendido, cada nervo esticado. E na cena em que ficava nua, atuava com tanta sensualidade que meu coração parecia bombear sangue suficiente para um javali. </div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Numa dessas dezenas de apresentações que assisti, nessas inúmeras vezes que assentei na primeira fila, percebi algo diferente. Não era ela. Estava mais agressiva. As veias estavam saltadas no pescoço. O timbre de voz era áspero. Obviamente que o público em geral nunca saberia estas diferenças, mas eu soube na primeira cena. E no ultimo ato, quando ficava nua, ela não descolou um segundo sequer os olhos de mim. Dançava e movimentava seu corpo com maldade nos gestos. Não havia espaço para doçura, apenas desejo. A cada olhar disparado em minha direção eu sentia uma garra esmagando meio peito com toda a força. Meu coração latejava na minha garganta. A ereção foi inevitável. </div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Ao fim da peça, quando a platéia ainda aplaudia de pé, eu levantei e fui ao banheiro. Ao abrir o zíper toquei meu pau e num ato reflexo me masturbei, como nunca tinha feito na vida, assim, fora de casa. Um pouco antes de gozar ainda pensei o quão absurdo era isso tudo. Essa mulher, essa obsessão. Enfim, essa punheta num lugar público meu deus. Que diabos estava acontecendo comigo? Na saída do toalete ela estava me esperando. Eu achei que fazia parte da minha loucura. Fiquei paralisado. Nunca tinha falado com ela. Era a primeira vez que a via de tão perto, que sentia seu cheiro. Jamais tinha percebido sua temperatura. Aproximou, pegou minha mão direita e levou até o nariz. Sentiu o cheiro da porra, que a pouco havia sido expelida e inspirou mais forte como se quisesse o odor dentro dela. Uma nova ereção embriagou meus sentidos e os acontecimentos que se sucederam nos minutos seguintes são apenas cortes de um clipe rápido. Voltei para o banheiro com ela agarrada ao meu quadril com as pernas feito um aracnídeo. A intensidade com que aqueles lábios delicados percorriam meu pescoço e a violência dos beijos desencadearam uma onda de prazer irreversivelmente forte. Tive vontade de gritar. Eu só pensava <st1:personname productid="em gritar. A" w:st="on">em gritar. A</st1:personname> língua dela foi a chave para abrir um forno quente, um inferno, cheio de maus espíritos. Toda a minha culpa ia embora junto com qualquer outro pensamento. Era apenas eu, presenciando eu mesmo vivo dentro dela. Usei também das minhas chaves. Os olhos dela que pareciam em transe, logo se transformaram num olhar de cadela, de compaixão. Ela implorou. Eu gritei. Ela gritou. </div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Gritamos outras vezes mais. Em outros banheiros, quartos, camas. Gritamos mais alto. Berramos. Mas não há grito que sustentasse o amor daquela atriz. Os dias que estávamos juntos pareciam cansá-la do papel de namorada, de esposa. Ela queria outros papéis para representar. Ela queria outro público para encantar e descobrimos que o que ela amava era o que conseguia despertar em mim. No fundo ela gostava apenas do início.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><o:p> Hellfrick</o:p></div>Diego Rezendehttp://www.blogger.com/profile/02594825884609946594noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-9325407.post-70968520440675415872010-10-27T18:11:00.000-07:002010-10-27T18:19:15.081-07:00Hotel Bagdá<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/_xr7HsgwfmKY/TMjMYIjQEdI/AAAAAAAAAC8/gHnRSvGupNw/s1600/head_post.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" nx="true" src="http://1.bp.blogspot.com/_xr7HsgwfmKY/TMjMYIjQEdI/AAAAAAAAAC8/gHnRSvGupNw/s400/head_post.jpg" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><span style="font-family: inherit;"><span style="font-family: inherit;">“Eu preciso ser salvo. Esta é a única conclusão. Eu preciso que alguém ou coisa me resgate.” Abro a porta pensando na introdução do texto que tento finalizar há meses. Reparo que 0 do 205 está soltando da porta e penso que talvez seja melhor eu mesmo comprar cola e fazer o reparo. Entro no quarto e sinto o cheiro dos meus livros, todos empilhados em cima do aparador. É uma das coisas que eu mais gosto neste quarto, ele tem cheiro de livraria. O aparador também é meu. Comprei por uma pichincha numa liquidação nestas lojas que se vende e troca de tudo. Achei que ia combinar com o clima do lugar. Várias coisas são minhas neste quarto de hotel. O espelho, por exemplo, ganhei de aniversário da minha mãe e trouxe direto pra cá. É a cara do guarda-roupa brega cheio de adornos nos cantos. A cadeira vermelha atualmente é o móvel que eu mais aprecio, sobretudo porque achei jogada no lixo e consegui recuperá-la. Lixei, pintei de vermelho e coloquei uma almofada de camurça. Quando olho para ela sinto sempre uma ponta de orgulho por ter participado do seu renascimento. Fiz todo este serviço de marceneiro aqui dentro, o que me rendeu semanas de alergia e reclamações por causa do cheiro de tinta. A camareira reclamou tanto que dispensei o serviço de quarto. Eu mesmo passei arrumar minhas coisas. </span></span><br />
</div><br />
<br />
Dormi a primeira vez aqui há uns 02 anos quando precisei fazer uma pequena reforma no meu apartamento. Gostei tanto, me senti tão bem que decidi alugar por tempo indeterminado e hoje em dia toda terça-feira passo algumas horas neste hotel. Não que tenha alguma coisa especial, é um quarto comum, típico destes hotéis no centro: cama, uma mesinha, guarda-roupa velho e um banheiro com azulejos azuis. Com o passar do tempo fui trazendo livros, discos antigos e até algumas peças de roupa que só uso quando estou aqui. São coisas exclusivamente minhas. Objetos de uma época livre que a vida vai se encarregando de esconder em porões e fundos de armário. Aqui estas coisas ganham vida, parecem construir um cenário onde eu sou o único cenógrafo. <br />
<br />
Hoje saí mais cedo do trabalho para comprar vinho. Aproveitei pra levar também duas taças. Geralmente passo na mercearia da esquina e compro algumas cervejas. Mas hoje é uma noite especial. Hoje pela primeira vez vou receber alguém. Esta noite o passado resolveu me visitar. Olhei no espelho e pensei em fazer a barba. Mas o que minha esposa vai pensar quando eu chegar em casa com a barba feita? Pra minha mulher digo que vou jogar poker nas terças-feiras. Não sei se ela entenderia a razão da existência deste quarto. Provavelmente pensaria que estou tendo um caso e mesmo que acreditasse que eu fico aqui sozinho, duvidaria certamente da minha saúde mental. É difícil de explicar para alguém casado contigo que isso tudo representa um espaço que nunca poderá ser ocupado por ninguém além de mim. Decidi que hoje vou me arriscar, vou fazer a porra da barba e foda-se. O que seria da vida sem estes pequenos riscos para exercitar nossa coragem? <br />
<br />
Saio do banho. Sento na mesinha e encaro meu laptop. A página de Word aberta é um convite para mais uma tentativa de concluir o texto. Reescrevo a introdução e continuo lendo o primeiro parágrafo: “Eu preciso ser salvo. É isto. Esta é a única conclusão. Eu preciso que alguém ou coisa me resgate. É isso que eu descobri quando eu comecei a simplesmente me abandonar. Quando eu, de uma hora pra outra, parei de curtir. Deixei de escrever. Deixei de gostar de futebol aos sábados. Deixei de gostar dos meus tênis. Deixei de ler meus livros. Deixei de ouvir minhas músicas. Apenas deixei que a coisa toda ocorresse por cima do meu cadáver. E agora estou aqui deixado. Abandonado por tudo que eu deixei.” Termino de ler o parágrafo e apago todo o restante. Talvez o texto devesse ser só isso, sem complementos. Não existe um mínimo de palavras para um texto se tornar um texto de verdade. É apenas uma questão de aceitar que algumas coisas são o que são. Mas na maioria das vezes não conseguimos, nem sequer tentamos, viver com esta idéia. Talvez eu precise aceitar o fato de que eu nunca te esqueci. Talvez eu precise aceitar de uma vez por todas seu amor. Meu coração dispara. Ouço batidas na porta. Sei que é você. Hoje serei salvo. <br />
<br />
<div style="text-align: left;">Hellfrick</div>Diego Rezendehttp://www.blogger.com/profile/02594825884609946594noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-9325407.post-73861974350094769172010-06-07T16:47:00.000-07:002010-06-07T16:47:14.223-07:00♫ ...mas é tão bom estar com você, juntinho do meu coração... ♫Contei todas as batidas do meu coração pra ajudar o tempo passar até você chegar. A saudade alimenta o amor como se fosse um monstro faminto. E saudade é dor doida, tritura a alma e desregula o espírito. Quando você finalmente entrou pela porta, os segundos diminuíram a velocidade e em paz, um abraço eu te dei. O telefone tocou. Uma explosão de ciúme e desespero abalou toda a estrutura do tempo e a madrugada durou mil anos de purgatório. O alarme tocou. Senti no estômago uma fisgada de alívio. Apesar do sol, a manhã permaneceu gelada, mas a luz mostrou sua vocação natural de ser esperança.<br />
<br />
HellfrickDiego Rezendehttp://www.blogger.com/profile/02594825884609946594noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-9325407.post-74459152963961145842010-05-26T11:53:00.000-07:002010-05-26T11:53:07.958-07:00Quinta-FeiraEsta é um breve historia de amizade. Uma amizade urbana, como várias outras que se formam na solidão e no desespero. Como outras tantas que se desfazem pela vida daqueles buscam liberdade e pagam por ela em duras prestações diárias. Sem casa pra voltar nem novela pra assistir, vagam procurando nada mais do que si próprios e fazem deste caminho uma estrada excitante, cheia de trechos dolorosos e curvas perigosas. Mas ainda sim, não trocam cem metros desta viagem por nenhuma outra jornada menos feliz. <br />
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Conheci os dois quando ainda quebrava um galho como revisor de publicidade numa das várias agências que trabalhei como freelancer. Dani e Mauro já formavam uma dupla de criação quando saímos a primeira vez para beber numa quinta-feira. É fato que já eram amigos, mas é certo também dizer que precisavam de mais um elemento pra coisa toda acontecer. Dani é aquele tipo de mulher que você se apaixona no primeiro encontro. Te conta todos os segredos em menos de 30 minutos, o que faz você imediatamente desistir de qualquer investida. Ela é sempre demais para os homens. Bonita demais. Inteligente demais. Louca demais. Essa foi a primeira de muitas quintas-feiras que nos encontraríamos religiosamente. Acredite você ou não, Dani foi de pantufa para o bar. Ela comprou na promoção das Lojas Americanas e dizia combinar com a blusa. <br />
<br />
As quintas-feiras se transformaram numa espécie de dia sacro. Não se podia marcar futebol, baralho, depilação ou o que fosse. Era a nossa data. Praticamente não nos víamos outros dias e quando nos encontrávamos por acaso, numa quarta-feira por exemplo, era como se fôssemos apenas colegas de trabalho. Não que a companhia de ambos não fosse boa o suficiente para os outros dias, mas as mesmas circunstâncias da vida que permitia nosso encontro apenas num dos dias da semana, também o proibia em outros. Mauro bem que tentava me carregar para as festinhas na república dele, mas eu sempre inventava um cinema ou um teatro pra ir. Dani também não gostava das festas no AP do Mauro. Segundo ela “era um bando de pseudo-intelectuais falando nada com nada”. Mauro fazia o estilo nerd maconheiro. Sempre aparecia com umas edições antigas da Virginia Woolf e adorava contar histórias sobre grandes autores. Era fã do Hunter Thompson e sempre vinha com um papo sobre fazer um jornal de literatura. Papo esse que nunca rendeu uma edição sequer. Eu gostava de conversar com Mauro, tinha sempre um ponto de vista alternativo, bem diferente do meu. Trocar idéias com ele sempre me levava para lugares desconhecidos de mim mesmo. A única coisa que não dava para falar com Mauro era a respeito de futebol. Apesar de se dizer são-paulino o cara não sabia nada, nem nome de jogador, nem nada de regras. Enfim, era um dos poucos temas em que ele não se aventurava a discutir.<br />
<br />
Como só nos sobrava a quinta, fazíamos dela sempre uma ocasião especial. Dani gostava de dizer que deixaria de ir no bar apenas em caso de morte, dela própria. E mesmo quando seu pai faleceu e foi enterrado numa quinta-feira, Dani foi ao bar tomou uma dose de cachaça e chorou compulsivamente por toda noite. E durante quatro quintas foi assim: uma dose de cachaça e lágrimas. Até tiveram algumas tentativas frustradas de se introduzir outras pessoas no trio, mas depois que Mauro levou uma de suas namoradas e ela foi embora da mesa sem que ele sequer notasse, percebemos que naquele (nosso) dia não haveria espaço pra mais ninguém. Quando Mauro casou, eu tive a certeza de que nossas “quintas” estavam com os dias contados. Mas segundo ele “teve o cuidado de se casar com Uma que fazia yoga todas as quintas”. <br />
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E nossa amizade, regada a cachaça e cerveja floresceu de quinta em quinta até chegar o ponto, meu caro leitor, onde quero chegar. O ponto que quero contar. O momento, na minha opinião mais bonito e triste de qualquer história de amor – o fim. Não que eu não goste de inícios, mas tenho um apreço especial pelo período final, pelo segundo tempo, pelo último alto. É no fim, que o caos nos chama pra dançar.<br />
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Como já foi informado, esta história tem fim e o nosso começou quando Dani terminou o namoro, que diferente dos outros, resistiu 02 anos às quintas-feiras. O que, convenhamos, não é fácil pra nenhum macho saber que sua namorada enche a cara com 02 marmanjos pelo menos 01 dia da semana. Eu já conhecia o sujeito e sinceramente achei o cara meio banana pra Dani. De qualquer forma, não vem o caso de falar sobre o cidadão aqui. Acontece que no dia do rompimento (era uma quinta) ela apareceu diferente no bar. Com os olhos vermelhos, ela chegou à mesa e abraçou o Mauro com uma força que não era normal. Brindou o primeiro copo avisando que iria encher a cara. Apesar de visivelmente triste, ela estava bastante eufórica, falando e rindo sem parar. Os risos deram lugar a um tom exaltado de voz e palavrões em quase todas as frases. Mauro olhou pra mim como se quisesse dizer “hoje vamos ter trabalho”. E quando Mauro saiu para ir ao banheiro, Dani logo levantou mesmo sabendo que só tinha um banheiro no bar. E quase como miragem, eu avistei a esposa de Mauro acenando e vindo em direção a mesa. Ela nunca aparecia, a não ser para pegar o Mauro bêbado sem condições de dirigir. Quando avisei que ele estava no banheiro, ela saiu dizendo que iria “dar um susto nele”. Como numa epifania premonitiva eu esperei a volta da esposa, que passou por mim chorando e derrubando quase tudo que estava na mesa pra pegar sua bolsa.<br />
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Eu nunca soube os detalhes, mas tava na cara que Mauro e Dani estavam se pegando na porta do banheiro. Ambos alegam não saber o que realmente aconteceu e colocam a culpa na bebedeira. Mas segundo a Esposa, que dia desses encontrei no supermercado, Mauro jurou que Dani se jogou em cima dele. Versão que obviamente não foi suficientemente forte para manter o casamento.<br />
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Separado da mulher, Mauro fazia da segunda, terça, quarta e quinta um eterno fim de semana. Dani, com a consciência do que aquele dia provocou na vida do parceiro, acompanhava ele em quase todas baladas. E eles a transaram a primeira vez, na mesma época que começaram a cheirar cocaína. Dani amava tanto o amigo que parecia querer preencher o vazio que o fim do casamento deixara na vida de Mauro. Estava disposta a assumir a culpa de tudo e salva-lo de toda a tristeza. Mesmo que isso custasse sua própria felicidade.<br />
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Mas nós sabemos que não se preenche amor com amizade. E apesar dos primeiros meses o casal ter demonstrado estar bem, soubemos, eu e Dani, que nenhuma quinta-feira seria igual depois que Mauro pela primeira vez em anos não apareceu, não ligou e não atendeu o telefone. Dani tinha virado sua esposa. E a quinta-feira dele tinha virado quarta, em outro bar, com outros amigos. <br />
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Soube ontem pelo Facebook do Mauro que eles já não estão mais juntos. Dani inclusive me enviou um e-mail dizendo que está indo pra Londres. E sempre que o garçom do bar, que foi o principal cenário desta história me pergunta a razão pela qual não bebemos mais juntos, lembro daquela noite que a esposa do Mauro apareceu no Bar. Quando ela saiu, nos sentamos e nos entreolhamos com a certeza de que a quinta-feira seria só mais um dia semana. <br />
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HellfrickDiego Rezendehttp://www.blogger.com/profile/02594825884609946594noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-9325407.post-31586097027201430252010-03-11T20:58:00.001-08:002010-03-11T21:02:03.386-08:00Foi por issoTalvez nem tenha sido pelo seu moletom verde com capô que eu tenha te oferecido carona naquele dia de chuva. Eu nunca vou poder dizer que foi o sorriso. Até você entrar no carro, nem sequer tinha visto seu rosto. <br />
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E falar que foi o perfume seria a mais pura mentira. O primeiro cheiro que senti de você foi de “pinto molhado”, mistura de suor com chuva. E pra ser sincero, seus olhos não me chamaram tanta atenção assim, apesar de achá-los irritantemente lindos hoje em dia. E se alguém disser que foi seu All Star, idêntico ao meu, digo que foi pura coincidência. <br />
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Não, não foi por isso. Muito menos por termos nadados juntos na enchente, que te causou uma infecção terrível no ouvido. Infecção que me obrigou a levá-la pro hospital e ver você chorar pela primeira vez. <br />
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Até você ter ido dormir na minha casa naquela noite, eu não tinha a mínima idéia da razão pela qual eu iria te entregar toda a minha vida. Na verdade, até ontem, quando recebi sua carta, eu apenas desconfiava. E agora que você foi mesmo embora, fico pensando nestes anos todos depois daquela carona. Minhas lembranças apontam para um instante, que instintivamente meu coração injusto julga como o grande culpado disso tudo. Eu nunca culparia você. Mas a cena de você andando na tempestade, com as mãos no bolso, caminhando como se fosse o primeiro dia da primavera...<br />
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HellfrickDiego Rezendehttp://www.blogger.com/profile/02594825884609946594noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-9325407.post-88898451552967804012010-03-02T17:26:00.000-08:002010-03-02T17:26:55.537-08:00Nosso amor tá assimNosso amor tá cansado. Fragilizado. Virou funcionário público.<br />
Nosso amor vai aderir à greve. Quer férias.<br />
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Nosso amor tá tinhoso, malandro.<br />
Tá se exibindo pra solidão.<br />
Tá dançando com o pecado, dando carona pro azar.<br />
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Nosso amor ta truncado. Jogo ruim.<br />
Final de campeonato.<br />
Zero a zero no placar.<br />
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Nosso amor tá feio, brega, cheirando mal.<br />
Falta classe, estilo.<br />
Nosso amor nem faz mais a barba.<br />
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Nosso amor morreu. A falência foi decretada.<br />
Nosso amor naufragou.<br />
E renasceu num mar de lágrimas.<br />
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HellfrickDiego Rezendehttp://www.blogger.com/profile/02594825884609946594noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-9325407.post-25425615256565711242010-01-26T17:33:00.000-08:002010-01-26T17:33:30.446-08:00Para aumentar su belleza<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/_xr7HsgwfmKY/S1-XzFlir9I/AAAAAAAAACc/3PoD3PKHcbg/s1600-h/DSC00010.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" mt="true" src="http://4.bp.blogspot.com/_xr7HsgwfmKY/S1-XzFlir9I/AAAAAAAAACc/3PoD3PKHcbg/s400/DSC00010.JPG" width="300" /></a><br />
</div>Diego Rezendehttp://www.blogger.com/profile/02594825884609946594noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9325407.post-25699676765990911582010-01-07T13:36:00.000-08:002010-01-07T13:36:49.711-08:00Dono de siPara nós, malditos que escolhemos ser livres, cabe a propriedade de toda escolha.<br />
O arrependimento é só nosso. Não tem quem culpar.<br />
Carregamos a dor pelo caminho torto.<br />
Catamos os próprios pedaços e colamos com lágrimas nossas.<br />
Mas orgulhosos como um pai, carregamos a medalha da liberdade.<br />
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HellfrickDiego Rezendehttp://www.blogger.com/profile/02594825884609946594noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-9325407.post-92169702590186946352009-12-23T08:47:00.000-08:002009-12-23T08:47:16.728-08:00MENSAGEM DE NATAL DO BOM VELHINHO<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/_xr7HsgwfmKY/SzJJZ0S2kGI/AAAAAAAAACM/Xc3kkQJqikE/s1600-h/cartao_bukowski.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" ps="true" src="http://2.bp.blogspot.com/_xr7HsgwfmKY/SzJJZ0S2kGI/AAAAAAAAACM/Xc3kkQJqikE/s400/cartao_bukowski.jpg" /></a><br />
</div>Diego Rezendehttp://www.blogger.com/profile/02594825884609946594noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9325407.post-89510301361903402512009-10-26T08:51:00.000-07:002009-10-26T08:51:29.494-07:00WebLove 2.0 - II MetalinguagemE por mais que eu busque inspiração em outros temas - diga-se aqui que pesquisei em matérias, conversas de bar, Google, etc - O assunto “você” ainda é o que consegue espremer alguma palavra que possa constar aqui. Mesmo que “você” nem desconfie, os devaneios sobre a sua existência ainda conseguem trazer uma gota de euforia no coração e nos dedos para digitar e exercitar o que talvez possa ser chamado de literatura. Não que seja um sacrifício esta atividade da escrita, mas confesso que deixar o blog as traças me causa sim um desconforto. Se for assim, melhor fechar a conta e comprar um caderninho. Mas continuo aqui, respirando com o nariz para fora do mar de tarefas, compromissos e nadando com os pés e mãos amarrados pela preguiça. Mas lembro de “você” e sonho com as vidas que vivemos juntos, a viagens que faremos e o suspiro que acabo dar para que a coisa toda comece a fluir. Um livro poderia ser escrito, um longa-metragem e um disco inteiro de amor poderiam ser produzidos com os fragmentos conhecidos a seu respeito. Basta olhar pra tua foto para que um argumento de filme comece a ser construído. <br />
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<i>Mas a própria literatura não é o exercício de inventar vidas? </i><br />
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Tanto para quem escreve, quanto para o leitor, o romance serve acima de tudo para experimentarmos outras realidades. Usamos as palavras como veículo de fuga da nossa rotina miserável. E maravilhosamente livre, podemos escolher nossos destinos. <br />
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<em>Pois não podemos selecionar nossos livros e blogs? E a cada novo texto escrito, não temos um zilhão de possibilidades de palavras? Mas me diga você, o amor também não passa de livres projeções sobre alguém? Como posso amar uma pessoa que nem sequer conheço?</em><br />
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<em>E o que dizer do amor a primeira vista?</em><br />
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Projeções instantâneas sobre o objeto amado. E não duvide da velocidade do nosso processador cerebral. Em menos de 1 minuto somos capazes de viver uma década com outra pessoa. Você olha e no instante seguinte está disposto a trabalhar a vida inteira num emprego de merda para fazê-la(o) feliz. E quando partimos para a sedução, o ato em si, os trejeitos, os olhares são meros jogos de palavras. Combinações simbólicas que tem o objetivo de colocar em prática, tudo aquilo antes imaginado. <br />
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<em>E não seria justamente isso, a construção de um texto?</em> <br />
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Mas no campo da liberdade é que a literatura leva a grande vantagem. Podemos facilmente deixar de ler ou apagar um texto, basta guardar o livro ou usar a borracha. Ao contrário, o amor cria um emaranhado de complicações e tensões, já que suas expectativas não dependem mais só de você. Na literatura, its Just me baby. Por isso o amor por “você”, apesar de parecer uma mentira demente, é sincero. É justo. Sem troco ou recompensa. Um amor livre, sem rimas ou regras. Sem chaves. Todas as portas abertas. <br />
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hellfrickDiego Rezendehttp://www.blogger.com/profile/02594825884609946594noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9325407.post-84612400067328968222009-09-01T19:02:00.000-07:002009-09-01T19:02:11.050-07:00WebLove 2.0Você tocou minha alma e encheu meu peito de inspiração. Primeiro com suas palavras sobre o amor e aquela coisa toda a respeito de Paris. Depois foram aquelas fotos borradas e coloridas, cheias de luzes, copos e cigarros. Eu sempre me imaginava como o fotógrafo. Eu batia a foto e você corria pra ver na tela da máquina. Quando achava boa, sorria e me beijava. Falava que eu “devia ser profissional”. É assim que você faz. Pelo menos é assim que eu penso.<br />
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Eu posso dizer sim que te conheço. Sei das tuas coisas. Não consigo falar como está seu cabelo hoje, mas sei o que se passa. Eu leio o que você escreve. Eu já ouvi suas músicas. Mapeie tudo sobre você e me apaixonei pela sua mente. Eu apaixono pela mente das pessoas. Eu desconfio como deve ser seu escritório, cheio de gente descolada como você. Todos te adoram e trazem presente da Benedito Calixto sempre que vão lá. Deixam na mesa, com um post-it colado “achei a sua cara”. Nos meus sonhos você sempre agradece com um abraço e diz que não precisava. No fim do expediente todos vão pra aquele barzinho na General Jardim do lado da Escola de Arquitetura. É meu bar preferido. Tem sempre uma banda de Jazz lá. Pode ser que eu tenha te visto algum dia. <br />
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Seus amigos são ótimos. Eu poderia ser da mesma turma. Poderia fazer um almoço no domingo e convidar todos eles. A gente faria uma vaquinha e compraria um frango assado e várias caixas de cerveja. E depois do almoço a gente veria um filme que eu comprei naquela barraquinha da Augusta. Eu ofereço um baseado, mas seu amigo tem haxixe. No fim da tarde todo mundo foi embora e ficamos no sofá cochilando até o Fantástico. Você provavelmente acordaria de mau humor e diria que precisa de mais espaço e que eu estou te sufocando. A gente brigaria e faria as pazes transando debaixo do chuveiro. As vezes eu durmo pensando como é o cheiro do seu cabelo molhado. Tem dias que acordo com a certeza que esteve aqui. <br />
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As vezes penso que eu poderia te passar um e-mail ou um post. Mas pra você seria melhor uma carta. Escrita com sinceridade, com dor, cheia de referências de livros que eu sei que você leu. Acontece que eu tenho medo de te conhecer de verdade. Medo de você ser uma pessoa comum. Uma pessoa chata como eu. Que tem emprego, salário, roupa-suja, dentista. Prefiro imaginar você sem estas coisas. É melhor lembrar de você indo pra praia de fusca. Talvez você tenha um fusca. <br />
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Mas o que me apavora de verdade é a possibilidade de você ser assim. Como eu penso que seja. Você me arrastaria para o inferno com tanta velocidade que a turbulência seria insuportável. O Choque térmico transformaria a realidade em cinzas, em fragmentos da dor mais pura que existe. Eu seria jogado no oceano à noite. E por mais que eu pedisse você nunca jogaria o salva-vidas. Você não é do tipo que salva-vidas. Como eu sei? Eu invento que sei. <br />
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hellfrickDiego Rezendehttp://www.blogger.com/profile/02594825884609946594noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9325407.post-61892926013771384902009-08-20T07:00:00.000-07:002009-08-20T07:08:19.004-07:00Se o Papa Deixar<object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/QPuAZvPXKcA&hl=pt-br&fs=1&"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/QPuAZvPXKcA&hl=pt-br&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object><br /><br /><br />No inverno de 2007 eu e o Madruga decidimos participar de um festival de cinema, cujo o tema era o casamento. Naquela época o Papa tinha acabado de declarar que o divórcio era uma praga e que os "descasados" não iriam entrar no reino dos céus, ou coisa assim. O resultado foi 01 semana de trabalho no meu apartamento (cenário) sem poder lavar a louça. Anos difíceis aqueles na Brigadeiro Luiz Antônio...<br /><br />Roteiro e Direção: Flávio Reis e Diego Rezende<br />Ator: Flávio Reis<br />Ano: 2007<br />Produção e Finalização: LaGracia FilmesDiego Rezendehttp://www.blogger.com/profile/02594825884609946594noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-9325407.post-38612719975073255982009-06-30T20:12:00.000-07:002009-06-30T20:21:53.289-07:00Epifanias - Maracatu<span style="font-family:georgia;">- Hola.<br />- Olá.<br />- Por favor los documentos.<br />- Sim.<br />- Su linterna no funciona.<br />- O que? Yo no ablo espanhol. Do you speak english?<br />- Su cartera está perdiendo usted.<br />- Dooo youuu s p e a k...<br />- Puedes decirme lo que está haciendo esta señora y en el Cusco con fusca verde?<br /><br /> *************<br /><br />E o que me restava era só agarrar naquela ilusão de felicidade, num emprego e no bar. Abraçar com toda força a falta de rumo e plumo. Esbaldar com a preguiça atrofiante daqueles dias frios de maio. Era tudo o que me sobrava, migalhas de aventura e uma saudade de tudo aquilo que nunca haveria de acontecer. É meu amigo, dias vazios assim fica difícil até para os pulmões se enxerem. E essa tosse que não me larga...<br /><br />Mas nunca duvide do caos meu caro leitor. Períodos de tamanho equilíbrio vêm acompanhados de grandes movimentos sísmicos. Terremotos na realidade estavam por vir. Eu podia cheirar, já senti este fedor antes. O gosto da morte novamente na minha boca. Será que é medo? Ou é só uma ardência no meu peito. <br /><br />E o terremoto começou com uma pequena vibração, do meu celular, que eu nem lembrava mais que tinha. 9212-3696. “Alô?” “Você não vai vir não?” Todos meus neurônios trabalharam em menos de 01 segundo para responder a voz do outro lado que era engano e que ele tinha ligado errado. Afinal, eu não conhecia a voz, o número muito menos e pela música de fundo me parecia que o sujeito do outro lado da linha já esperava outro sujeito numa festa ou seja lá o que seria. Mas aparentemente forças ocultas dentro do meu sistema nervoso fizeram com que a resposta fosse outra, uma pergunta: “Onde?” “Anota aí...” Como dizia o porteiro careca do turno da noite: “é nos detalhes que o diabo se diverte”.<br /><br /> *************<br /><br />Taí uma pergunta muito oportuna: o que que eu estou fazendo aqui? Ok, representar o escritório numa feira de construção ou uma palestra sobre os rumos da arquitetura, vá lá. Mas em festinha hypada deste cara. Tem dó né. Puta que pariu com a Claudinha me pedir pra eu comparecer. “Vai lá, faz um social e volta pra gente terminar o projeto”. Voltar pro escritório? Ela deve estar é muito loca. Eu despencar até este fim do mundo, enfrentar a marginal lotada e ainda voltar e trabalhar. Eu vou é pra casa desmaiar na cama. Mas a merda é que eu preciso pelo menos trocar um cartão com o dono da casa. E como é que eu vou me apresentar para aquela bixa afetada? Oi eu sou fulana, trabalho com a Claudinha e... você tem um cartão? O cara vai me achar uma desmiolada. Capaz até de chamar um segurança. Bom, vou tomar um champs. Aproveitar que é de graça. Puta, pegar um taça e não tem ninguém pra brindar é foda. Aliás, não ter ninguém pra dar hoje também é foda viu. Mas também com tanta mudança assim fica difícil começar até um namorico. Muda de cidade, sai do emprego, muda de casa, volta pra cidade, arruma outro emprego, hotel, apartamento novo, sai do emprego denovo, volta pro primeiro. Isso tudo em 02 anos é um pouco demais, até pra mim. Isso sem contar o mês em Londres. Fica difícil mesmo alguma coisa grudar neste corpo magrelo e nesta alma escorregadia. “Moço quero outra taça”. Nossa, não é que uma tacinha já me deixou meio tontinha. Vou comer um canaps.<br /><br /> *************<br /><br />O endereço indicava um casarão antigo, cheio de detalhes nouveau. Janelas e portas de vidro mostravam que imóvel tinha sofrido uma reforma eu diria um tanto quanto pop-modernista. Paro ou não paro? A indecisão é um dos piores defeitos do homem. E este defeito eu carregava desde a maternidade. Segundo minha mãe era porque, na hora do nascimento o médico ficou pensando em qual lado da bunda bater pra eu chorar. Acabou não batendo em nenhum lado e eu também não chorei. Ficou por isso mesmo. Médico filho da puta, porque não bateu logo na minha bunda e resolvido o problema. Agora estou na terceira volta no quarteirão pra decidir se fico ou não nesta festa.<br /><br />Um fusca verde me chamou a atenção na porta. Fuscas me chamam atenção. No jardim tinha uma daquelas vacas coloridas de acrílico que estão por todo lado. Uma vaca de headphones.<br /><br />Mais uma volta no quarteirão e uma vaga apareceu. Logo na frente do azeitona verde. Era assim que chamávamos o fusca verde do meu avô. Pensei logo ser um sinal esta vaga. Meu avô sumiu de casa quando eu tinha 16 anos. Sinceramente o desaparecimento do velho safado não tinha me causado tanta tristeza, tanto quanto pelo fato dele ter fugido com o carro, que segundo minha mãe seria meu um dia. Fiquei sem avô e sem carro. Não segurei a risada com o pensamento que talvez tenha sido ele o responsável pela ligação e quem sabe o carro era dele mesmo.<br /><br />“Puta que pariu”. Bater no farol do fusca não estava nos meu planos. Será que eu fujo? Melhor procurar o dono e avisar. </span><br /><br /><span style="font-family:georgia;"> *************<br /><br />Nossa, o banheiro tá punk. Agora que virou moda este lance de banheiro misto, ir mijar virou uma aventura. Antigamente existia um pacto selado entre nós mulheres. O banheiro sempre foi território neutro, mesmo se sua pior inimiga desse uma cagadinha, você nunca falaria para alguém. Agora, fica difícil até soltar um pum porque o banheiro ta lotado de gatinhos. E o engraçado é que nestes banheiros as sapatas vivem se pegando, como se antes elas não mijassem juntas.<br /><br />Caralho. O que este cara ta fazendo aqui? Gente, eu tô tremendo. “Garçom, me traz outra taça.” Será que vou lá? Segura tua onda. Você viu este sujeito uma vez só e ainda por cima no carnaval. Ah, mas porra, eu to aqui sozinha mesmo. Num custa nada. Não, melhor eu esperar. Se ele me ver é sinal que lembra. Preciso fumar. “Garçom, tem fogo?”. Puta que pariu, nunca vi garçom sem isqueiro. Eu vou lá. “Oi, por gentileza, tem fogo? Obrigado.”<br /><br /> *************<br /><br />Bom, pelo menos tem muita gente bonita e até que interessante. Não posso reclamar da recepção. Tem Whisky para um caminhão de gente. O jeito é beber e relaxar, afinal eu já vim aqui e fiz minha parte. O resto é esperar a ordem das caosas. Senti alguém me cutucando e uma voz que não me era estranha.<br /><br /> *************<br /><br />- “Tenho sim.”<br />- “Você lembra de mim? Carnaval, Olinda, Maracatu...?”<br /><br />Claro que eu lembrava. Senti um soco na barriga quando as imagens voltaram na memória. Eu duvidava se aquele dia tinha realmente existido. Aquele calor nordestino misturado com vodka e ecstasy transformaram a quarta-feira de cinzas em um dia completamente onírico. Desconfiei de tudo que aconteceu naquele carnaval de 2004, e confesso que naquela noite senti uma certa satisfação de ter chegado vivo no hotel em Recife. Cinco anos já se passaram e eu podia sentir o gosto daquele beijo.<br /><br />- “Claro que lembro. Desculpa, só não lembro do nome.”<br /><br />Putz, ele não lembra nem do nome. Que merda. Será que eu falei? Quem nos apresentou mesmo? Nossa, ninguém. Fui pegar uma cerveja e lembro de um cara muito doido dizendo que eu tinha mudado a vida dele. E disparou a falar sem parar. Falando e dançando como um mamolengo na batida dos tambores. Achei aquilo muito engraçado.<br /><br />- “Imagina, não tem problema. Faz cinco anos também né.”<br /><br />Faz cinco anos, desde que dei meu último suspiro de liberdade. Depois daquele carnaval, a vida foi uma sequência interminável de sub-empregos em agências de publicidade, compromissos casuais e atividades completamente incompatíveis com tudo o que eu tinha planejado.<br /><br />- “Aposto que você também não lembra do meu?”<br /><br />Lembrar como. Depois de tanto cabrobró na cabeça eu consigo lembrar apenas que nós dois, aos beijos, entrando em um daqueles becos do centro de Olinda. A coisa chegou a tal ponto que a gente parecia coisa só, tropeçando nas calçadas.<br /><br />- “Nossa, fiquei com vergonha agora. Não lembro mesmo.”<br /><br />Vergonha, definitivamente nós não tivemos quando trepamos como cães naquela rua sem saída. Atrás de uma Kombi, com uma peruca brilhante vermelha, bêbado eu era um homem livre. Nem o cheiro de urina e o medo de ser assaltado, diminuíram a intensidade do ato.<br /><br /> *************</span><br /><br /><span style="font-family:georgia;">Conversamos amenidades por horas. Por mais que todas as células do meu corpo estivessem conspirando para carregá-la a força para algum lugar eu fiquei ali, reparando em cada detalhe do seu rosto. Do jeito de falar e arregalar os olhos quando queria exaltar algo. Eu queria levar ela embora. Mas levar pra onde? Pra minha casa? O que eu faço com minha mulher? Pra casa dela? Será que é casada? Motel? Acho que eu nem sei onde tem um motel aqui em São Paulo. Talvez um hotel mesmo. Quem sabe o Formula 1 da consolação.<br /><br /> ************* </span><br /><br /><span style="font-family:georgia;">Eu não parei de falar nenhum minuto. Não deixei o cara falar. Por que ele não me para de olhar. Será que eu to com titica no nariz? Pô, mas ele não vai me chamar pra casa dele? Sei lá, eu toda me oferecendo e o cara não fala nada. Eu bem que namoraria um cara desses viu. Lavava até as cuecas se fosse preciso. Vai meu filho, me chama pra sair daqui.<br /><br /> *************</span><br /><br /><span style="font-family:georgia;">- Você quer sair daqui?<br />- Claro, aqui ta muito barulho.<br />- Podemos ir pra sua casa?<br />- Pior que não viu. Eu to morando com umas meninas e hoje é dia de festinha lá em casa. Deve estar uma confusão dos infernos. Vamo pra sua?<br />- Pra minha? Acho que não. Sei lá, estava pensando que talvez pudéssemos fazer uma viagem.<br />- Sério? Agora?<br />- É, eu estava imaginando algo como o Peru.<br />- Pára. Você ta dando pala.<br />- Faz tempo que eu não falo tão sério.<br />- Cara, mas ir assim, sem malas, sem avisar, sem despedir?<br />- Por que não?</span>Diego Rezendehttp://www.blogger.com/profile/02594825884609946594noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9325407.post-33349949824094025252009-06-01T19:51:00.000-07:002009-06-01T19:55:20.844-07:00o retorno de SaturnoVocê descobre que está sozinho. Tão logo desconfia que está adulto.<br /><br />hellfrickDiego Rezendehttp://www.blogger.com/profile/02594825884609946594noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9325407.post-90475069984546622212009-04-07T21:02:00.000-07:002009-04-07T21:15:07.910-07:00ChangesPrimeiro filme da série "Vídeo-Poemas". Expressões audiovisuais do próprio blog.<br /><br /><br /><iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='379' height='312' src='https://www.blogger.com/video.g?token=AD6v5dxB_2VUw0Tu9Aaqt2_VkY_Y7hivTbfCiglMBPZdCRTxYX8qJ1KEibj6oDDuh3MYkXxOr2_1NuFj4IU' class='b-hbp-video b-uploaded' frameborder='0'></iframe>Diego Rezendehttp://www.blogger.com/profile/02594825884609946594noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-9325407.post-61885095347373929442009-04-01T21:38:00.001-07:002009-04-01T21:38:48.311-07:00Se eu pudesseSe eu pudesse escolher<br />Outra forma de ser<br />Eu seria vocêDiego Rezendehttp://www.blogger.com/profile/02594825884609946594noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9325407.post-5630985852049427232009-03-19T14:30:00.000-07:002009-03-19T14:53:11.692-07:00Tá foda encontrar inspiração nesta porra<span style="font-family:georgia;">O confronto foi inevitável com o maldito vizinho. O filho da puta ficou parado no corredor em frente à minha porta insultando todos os adjetivos possíveis do nosso idioma tupiniquim. Eu nunca lembrava o nome do infeliz, chamava sempre de “o cara do 103”. Me parecia ser legal, vivia metido no apartamento com umas gatinhas meios hippies, acendendo incenso e cantando uns mantras. De vez em quando chegava o doce aroma da canabis na minha janela e certo dia quase toquei a campainha do maluco pra propor uma troca: meio litro de conhaque e dois bifes de boi em troca de um fininho. Por fim acabei desistindo do plano. Nestes tempos de crise macro-econômica-mundial é melhor ter guardado este tipo de coisa. Depois de quase meia hora eu resolvi abrir a porta e enfrentar o maconherinho. Nunca achei que um cara deste tipo fosse capaz de surtar, ainda mais às 3 da manhã. Nesta altura até a branquela do 201, que toma trocentos comprimidos para dormir já devia estar frenética. Tanta irritação só porque eu arremessei agora a pouco a maquina de escrever pela janela, que esbarrou, vamos dizer, de leve na persiana dele. Estava destrancando a porta para tentar, quem sabe dar uns golpes, voltei atrás. Este pessoal que faz Yoga acaba ficando meio forte. Sei Lá, quem sabe o cara conhece aqueles jeitos de assassinar alguém só com dois dedos. Quem sabe até com um.<br /><br />Será que pode dar certo se eu for lá fora e tentar explicar meus motivos? Será que ele vai entender se eu disser que eu, de jeito nenhum, de forma alguma, consigo encontrar inspiração. Que por mais que eu procure nos livros, jornais velhos, garrafas de conhaque não consigo escrever uma linha sequer que preste. Uma amiga disse que é saudade de San Pablo. Outro me lembrou que a certa idade a coisa complica mesmo, que lá pelos 30 e poucos, ou você está de um lado ou fica do outro. Mesmo sem saber muito bem que lados são estes, é bem provável que eu fique mesmo em cima do muro. Mas a melhor tese mesmo é do fotógrafo junkie que vive fotografando putas no centro da cidade. Segundo ele, esta cidade da qual eu resolvi muito inexplicavelmente morar não tem cheiro e que coisas sem cheiro não tem alma. É bem verdade que desde que mudei para estes lados a coisa anda pra lá de preta. É verdade também que eu ando passando tempo demais trancado em casa. Sem os cabróns, minhas perambulações na madrugada estão absolutamente inativas.<br /><br />Talvez seja necessário sair mesmo para procurar a tal inspiración. Mas preciso sair agora. Eu tenho que achá-la. Pode ser que inevitavelmente ela venha, mas não dá mais pra esperar. Ainda preciso ultrapassar meu vizinho que há 15 minutos está aparentemente tentando derrubar a porta para provavelmente me agredir. Pensei em pegar uma faca e dar um susto. Mas e se ele conseguir pegar a faca? Morres esfaqueado hoje não está nos meus planos (se lá fosse um revolver). E não é que foi a barata que caminhava em cima da TV que me deu a idéia?! Abri a porta espirrando aquele Detefon (mata tudo, até o bicho cabeludo) mais fedorento na cara do safado. Tá certo que todas as super baratas moradoras da minha casa, já nem espirram com o spray, mas pro fungador de incenso, a história é outra. Saí do prédio ele ainda estava gritando com a mão no olho. “Você não fecha o olho pra fazer Yoga? Vamos ver se consegue ficar ceguinho por um tempo.” Dei boas risadas no caminho para a estação. Achei por bem tomar um docinho antes de começar a procurar.<br /></span><br /><span style="font-family:georgia;">****************<br /><br />Achei estranho não ter absolutamente ninguém na estação. Nenhum guarda noturno, mendigo, pivete. Vazio. Pra falar a verdade nem o vento estava por lá. Pulei a catraca (tudo tem seu lado bom) muito desconfiado de que não passaria trem algum. Por um instante achei que tinha ido pra outro lugar, sei lá, errado o caminho. Fiz as contas pra saber ser era feriado. Será que eu fiquei tempo demais em casa e esta porra nem funciona mais. Estes pensamentos foram embora quando eu vi o farol do trem se aproximando. Não estava rápido como de costume, e o painel eletrônico que indica o destino estava confuso, tipo embaralhando as letras. Muita surpresa eu tive quando vi que não tinha nenhum operador. Caralho, mas que porra é essa? A coisa começou a ficar meio estranha agora: meus pés estão gelados e meu saco está pegando fogo. Aquele velho sentimento de desconfiança começou a tomar conta de mim, quando as portas do vagão se abriram. Cabrero do jeito que eu estava, claro que eu não entrei. Fiquei uns 15 minutos em pé olhando para a porra do metrô que não ia embora. Ficava olhando para mim, com cara de convite. Eu andava de um lado para o outro. Comecei a gritar: “O que você quer”. Pode ser um sinal, pensei. Alguém pode estar querendo me ajudar. Ajudar a encontrá-la. Entrei.<br /></span><br /><span style="font-family:georgia;">Uma voz de locutora de bingo saiu dos microfones: “dez”. Instintivamente meus olhos buscaram uma cartela que estava no banco ao lado. “Quatro”. Cara, eu vou te dizer, pra você conseguir entender que um sorteio está ocorrendo dentro de um trem de metrô é um caminho muito tortuoso que sua mente precisa percorrer. “Oitenta e dois”. Opa, parece que eu estou com sorte. Sorte que nada, a velocidade do trem aumentou assustadoramente, eliminando qualquer possibilidade de se movimentar no banco. Olhei pela janela e vi outros trens, como se tivessem competindo. Uns ficavam pra trás, outros continuavam no páreo do jeito que dava. Visualizei um imenso e brilhante globo laranja. Parecia uma meleca gigante e o trem em rota de colisão. Nesta altura do campeonato eu não via mais vestígios de cidade ou de qualquer coisa. Era tudo preto em volta. Como uma pedra que mergulha no mar, nós (o trem + eu) adentra na imensidão laranja. O Baque não foi fácil. A pressão foi tanta que acabei desmaiando.<br /></span><br /><span style="font-family:georgia;">Acordei me sentindo um bebê. Chorei quando alguém bateu três na minha bunda. Indignado com aquilo tudo me veio o pensamento: ta foda encontrar inspiração nesta porra.</span><br /><span style="font-family:georgia;"></span><br /><span style="font-family:georgia;">Hellfick</span>Diego Rezendehttp://www.blogger.com/profile/02594825884609946594noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9325407.post-33191237365395944952009-03-04T12:25:00.000-08:002009-03-04T12:26:26.992-08:00Leminski é foda nº2<span style="font-family:georgia;">Quem não sabe, no fundo, amor é invenção do coração da mulher, que ela tenta vender para o primeiro que aparecer e o seguinte, e o seguinte, e o seguinte, e assim por diante até aquela cena de sangue num bar da Avenida São João, que só vem para provar, de uma vez por todas, que alguém e ninguém não são iguais, e dali saem para lamber o sangue de suas patas, meditando a próxima vingança.</span><br /><span style="font-family:georgia;"></span><br /><span style="font-family:georgia;">Leminski</span>Diego Rezendehttp://www.blogger.com/profile/02594825884609946594noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9325407.post-42766608684740204062009-03-04T09:41:00.000-08:002009-03-04T09:43:17.171-08:00Leminski é foda - nº 1<span style="font-family:georgia;">"assim como<br />eu estou em você<br />eu estou nele<br />em nós<br />e só quando<br />estamos em nós<br />estamos em paz<br />mesmo que estejamos a sós"</span><br /><span style="font-family:georgia;"></span><br /><span style="font-family:georgia;">Leminski</span>Diego Rezendehttp://www.blogger.com/profile/02594825884609946594noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9325407.post-25100583041907178672009-01-31T20:33:00.000-08:002009-01-31T20:35:07.550-08:00Hellfrick's Wake<span style="font-family:georgia;"><em>E agora, o que resta?</em> Apenas o vazio e esta incapacidade de dormir.<br /><em>E o que isso tem a ver com a morte?</em> Eu sei que tem. Ela está na espreita, jogando iscas. Balizando meus passos, direcionando o caminho.<br /><em>Mas a escolha foi sua, não?</em> Mais uma armadilha da maldita. Agora o chão está desmoronando e falta muito pouco pro nada.<br /><em>O que você pensa em fazer daqui pra frente?</em> Gostaria muito dormir.<br /><em>Eu não tenho culpa disso, ok?</em> Seria injusto te culpar Insônia. Aliás, seria mais fácil,não é o que todos fazem?<br /><em>Onde você vai agora?</em> O caminho está escuro e como eu disse, já não tenho muitos lugares pra pisar.<br /><em>Queria muito te ajudar.</em> Impossível, ninguém pode. Só eu consigo iluminar o trajeto. Preciso encontrar a vela sagrada.<br /><em>Por que você não procura o Sol? Ele pode ter planos pra você.</em> Todos têm planos pra gente. Querem que façamos o que eles querem.<br /><em>Então, quais são os seus planos?</em> Vou tentar dormir. Preciso muito morrer pra amanhã. </span><br /><span style="font-family:georgia;"></span><br /><span style="font-family:georgia;">Hellfrick</span>Diego Rezendehttp://www.blogger.com/profile/02594825884609946594noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9325407.post-6903348221673828432008-07-10T18:41:00.000-07:002008-07-10T18:42:31.151-07:00relatividadetudo é relativo nesta merda.Diego Rezendehttp://www.blogger.com/profile/02594825884609946594noreply@blogger.com2