Tuesday, November 30, 2004

Instante, por Diovany Rezende

Acordava ele com pouca pressa,
Abria um olho e depois abria o outro.
Hoje não iria trabalhar.
Logo pensou em uma desculpa pra dar a seu patrão,
Estava com muita dor de cabeça logo de manhã.
Que desculpa horrível.
Vai colar. Pensou.
Se sentava em frente ao computador.
Tentou fazer um desenho. Em vão.
Tentou fazer um texto. Em vão.
Tentou criar uma música. Em vão.
Pega o telefone.

Oi Marta! Hoje não vou trabalhar.
Uma dor de cabeça horrível.
E logo de manhã.
Adeus.

Preciso parar de dizer adeus para as pessoas.
Elas pensam que vou embora.
Talvez eu vá.
Talvez não.

Texto postado por Diovany Rezende
diopublicidade@yahoo.com.br

Monday, November 29, 2004

Anjos, por Nilton C.Rodrigues.

Muito sinistro , muito cruel ..............tinha um anjo observando toda a movimentação , ele procurava seu protegido , foi lhe dado algumas pistas , mesmo assim ele não conseguia fazer sua função de anjo da guarda , quem proteger se ele não sabia a quemmmmmm, como o anjo podia estar perdido????? ele sabia , que seu protegido era feliz e vitorioso , onde será que ele estava escondendoooooooooooooo.

Texto postado por Nilton Carvalho Rodrigues.

Friday, November 26, 2004

29 e Meio

É bem verdade que quando nascemos somos puros.
Somos leves, somos soltos. A alma humana no nascimento é limpa; é leve.
Saímos do ventre da mãe anjos caídos.
E acredite, é o único momento que verdadeiramente livre da existência humana. A liberdade é dada ao homem no nascimento mas é devolvida ao passar do tempo.
A cada ano de existência a liberdade nos é tirada. Não digo, imbecil, a liberdade aparente que os presidiáriarios estão a procurar. Nem me refiro a inocência perdida na adolescência.
Mas a liberdade do espírito.
As experiências da vida contem um peso. Esse peso aumenta todos os dias.
É bem verdade que quando jovens, somos pássaros. Mas pássaros por mais leves que sejam já contem um peso. Esse peso aumenta na fase adulta.
A liberdade já quase não existe.
Somos escravos de nossas escolhas, de nossas dores.
Lembramos saudosistas dos momentos em que acreditamos estarmos felizes, momento que provavelmente chegamos mais perto de ser livre. E você de estar se perguntando que momentos são esses em que somos livres. Pense caro leitor! Um beijo na adolescência, o sexo com amor, a cerveja no bar, a amizade. Qualquer coisa que o fez esquecer de tudo e acreditar que aquele era o ultimo instante. Coisas que você sabe que agora não são mais a mesma coisa.
E você, agora, cheio de duvidas se pergunta por que as coisas não são mais assim.
O sorriso, a maior expressão de liberdade, nem esse é mais livre. Sorrimos agora para disfarçar a dor de estarmos presos em nos mesmos.
E essa prisão, como a morte é inevitável.
Já não gostamos da vida como antes, não sorrimos como antes, não gozamos como antes.
Meu deus, isso é horrível.
São tantas as grades, são tantas correntes. Emprego, família, dinheiro são algumas algemas desse sistema carcerário que é a existência. Dessas algemas alguns conseguem se libertar.
Mas o que você me diz da velhice?
Somos condenados a uma prisão de regime aberto. E como libertar? Drogas, Viagens, análise? Hahahaha. Nada disso meu amigo.
A liberdade agora é a morte. E talvez nem assim.

Preto no Branco

Da janela enorme do meu pequeno apartamento,
vejo uma grande multidão de pessoas pequenas entrando no teatro.
E eu, o que sou? Acho que sou um intelectual.
Se eu fosse eu estaria entrando no teatro também.
Não tenho dinheiro, sou pobre. Amanhã eu tenho aula na ESPM. Eu sou rico.
Alguém conhece a ESPM? Um bando de criativos retardados.
Eu sou o que? Eu sou criativo, minhas idéias são ótimas. Eu não tenho emprego. Retardado eu sou.
Ontem eu passei na Augusta, hoje eu fui na missa. O padre beijou o coroinha no rosto. Quem é Puta?
Fim de semana é feliz. Eu sou escritor? Eu sou triste.
O novo modelo da BMW é lindo. A criança mendigando e dormindo no chão é linda e eu não faço nada. Eu sou feio.
O nordeste é maravilhoso. Fui roubado por um baiano. Eu sou preconceituoso.
Eu odeio o Free-Wily. Graças a Deus, sou magro.
O PT é demagogia. O Serra é um pilantra. Eu não votei aqui.
O Bush é presidente. O Lula é presidente. Eu sou um palhaço.
Eu estou no Orkut. E você? Eu to preso.
Hoje não vai chover. O céu está azul.
Eu sou preto no branco.

Dias Estranhos.

Os piores dias em Londres eram os dias de inverno. O céu cinza é da mesma cor das pessoas, mal humoradas e ranzinzas que andam pelas ruas como condenados no inferno. Os mendigos, nesse triste inverno, eram monstros ou anjos?
Nesses dias resolvi caminhar pela 26th street. Na recepção do hotel a Sra. Hardfinger com seu olhar mórbido e fundo me encarava desconfiada. Passei pela recepção e disse, o que foi velha, meu aluguel não ta pago? A Sra. Hardfinger era uma velha muito filha da puta, costumava comentar com os vizinhos que eu era um vagabundo drogado. Na 26th street caminhava rápido e tenso. Aqueles dias estranhos eram difíceis de passar, principalmente quando se esta morrendo de fome. Ao passar por uma casa ouvi vozes animadas, mulheres rindo, homens berrando. Curioso decidi subir as escadas. A porta estava entreaberta e quando coloquei a cabeça no vão a porta abriu e dei de cara com uma mulher, o seu perfume me causou náuseas, então ela me disse: o que queres aqui, não é lugar pra você. Me senti ofendido, afinal o que eu era? Um vagabundo drogado? Eu só quero beber algo, eu disse. Ela retrucou: vá procurar um pub, aqui é uma festa particular. Tive vontade de espancá-la ali mesmo na porta, piranha, com quem ela achava que estava falando? Quando dei as costas para descer as escadas, escutei um homem me chamando: hei você, não tem maconha não? Por estúpida sorte eu tinha um baseado no bolso e disse: tenho, mas não to vendendo. O homem bêbado então sorriu e disse, quem te disse que eu vou comprar, entra, e bebe umas cervejas. Ele parecia ser o dono da casa, passei pela porta e a mulher com cheiro de planta podre me olhou com desprezo... piranha. O lugar era bom, aconchegante, tinha vários sofás e um freezer no canto perto da porta do banheiro. Abri uma cerveja e fiquei observando as pessoas, pareciam ser ricas, meninas lindas, mulheres gostosas, estavam todas bêbadas. O som tocava algum tipo de punk rock, era horrível, como alguém pode ouvir isso, a luz era fraca e ninguém nem sequer me notou. Acendi o baseado e logo minha presença fizera valer, como vampiros todos chegaram perto e o primeiro a pegar o cigarro foi o homem bêbado da porta. Sabia que não iria ver o baseado de novo e fui até o banheiro, ao abrir tinha uma pessoa sentada na privada, uma mulher, estranha, magra e linda, ela disse: fecha essa porta porra, na vê que tem gente. Ela parecia estar sobre efeito de alguma droga, saiu do banheiro e passou sobre mim empurrando meu peito. E novamente o perfume me chamou a atenção, dessa vez o cheiro era bom, cheirava alguma coisa acida, eu fui atrás dela. Tome cuidado onde anda, eu podia ter caído, eu falei segurando seus braços. Que se dane, ela disse soltando os braços dos meus. Olha aqui garota, você não sabe com que você esta falando, meu nome é Hellfrick, sou um grande homem, coisa que aposto você nunca teve na sua cama. Senti os dedos magros e frios batendo em meu rosto. Você é engraçado, vá pegar mais cerveja ela mandou. Com o rosto ainda vermelho voltei com a cerveja e começamos a conversar. O perfume era tão interessante quanto ela, era designer de um grande escritório, pedi um emprego mas ela riu e disse que a empresa não tinha vagas para faxineiro. Não gostei da brincadeira. Conversamos e bebemos a noite inteira, ela era fascinante e ela me olhou nos olhos e me beijou. Ela me levou para um quarto no fundo da casa, fizemos sexo três vezes, ela era mesmo incrível. Já vestidos ela de pé me abraçou, olhou nos meus olhos e disse: você é um grande homem Hellfrick, eu tenho inveja de você. Naquele instante me ocorreu uma raiva, como alguém como ela poderia ter inveja de uma pessoa como eu. Descontrolado eu me afastei e dei um soco no nariz dela. Ela com o rosto ensangüentado berrava, “seu louco filho da puta, eu vou te matar.” Antes que ela se aproximasse alguns rapazes entraram no quarto, me deram uma surra e me arremessaram escada abaixo. Bastante ferido eu caminhei na 26th street pra casa. Os piores dias em Londres eram os dias de inverno.

Helffrick

Hellfrick, louco esfomiado, comedor de bifes filho da puta, o que voce faz aqui em minha casa.